Conta-se que em uma universidade, que não era de um reino tão tão distante assim, foi iniciado o período acadêmico dos alunos graduandos do curso de Letras. As expectativas eram imensas. Será que tal período seria doce como alguns textos literários, ou nefastos como algumas teorias linguísticas? Quem mais agrado render à literatura concorde com a afirmação, mas para não frustrar nem incitar contendas com os linguistas, meus caros, invertam as ideias e todos partilhem do real propósito deste desabafo.
Alguns mestres humildes entendem e procuram jogar sementes para os campos brancos do conhecimento, não pretendem reter para si as colheitas. Esperam, debatem, sonham, apaixona-se, desapaixonam-se, todavia, colocam-se como mediadores, propagadores, orientadores do saber. Compreendem que a busca sempre será incessante e mui longo será o caminho. Outros sargentos marcham pesado, pisam os próprios calçados, quase obrigam a batida de continência, resta apenas exigir reverência de seu alunado. Estamos no quartel, no Laboratório Experimental da Língua Portuguesa! Incrível como é prazeroso convocar o recruta medroso a responder o questionário no quadro, as cômicas chamadas orais, voltemos então às lições das tabuadas. Queremos o Modelo Tradicional!
São jovens, recém doutores, nobres professores que apenas tentam resgatar a perdida Identidade Educacional. Abaixo o questionamento, são os donos da verdade! Se morrerem os pais, ou acometidos estamos de enfermidades, a sala não é lugar para lamúria, não é interessante seus padecimentos. Antes o suicídio que a falha pela entrega dos trabalhos exigidos. Aperte a bexiga, deixe os lábios ressequidos, não pisque os olhos para que o mestre não seja interrompido. O mijo deve submeter-se à disciplina. Não permita que vibre o celular, se não quer se trumbicar, o melhor é desligar!
Sinto falta apenas da correção da palmatória, do milhinho no recanto da sala, que triste não haver mais o gorrinho do burrinho! Hoje a Educação está uma palhaçada!
Palmas para a humilhação e ao desprezo à classe popular, aluno é para se modernizar. Dizia a tola professora a delirar: “Não brincam as crianças pobres, de ruas esburacadas e de esgotos a céu aberto”. Mas, como culpar o pobre professor, o lutador, a mente brilhante do progresso, que envia textos e exige trabalhos apenas via internet? Isso é que é um educador!
Se cresse em reencarnação, diria que o dito Cirineu, lá dos tempos do sacro Jesus Cristo, baixou no mundo dos viventes, logo-logo chegou a Doutor, de fardamento quadriculado, fez sérios os tons pasteis, e mesmo ausente o coturno, marchava no horário diurno. Incansável pesquisador, adorável ditador, que achava lindo o que dizia, exigente da nossa alegria. Mesmo que não concordasse, queria que afirmativamente nossas cabeças balançassem.
Certo dia depois dos produtivos conteúdos estudados, exigiu com a doçura de cão voraz um tenebroso e cruel trabalho. Antes de comentar o desafio, revivamos juntos, unidos, a aula que explicou como utilizarmos um programa necessário ao campo fonético. A seguir mostraremos os passos:
1º Abra isso!
2º Feche aquilo!
3º Abra de novo isso...
4º Feche novamente...
5º Escreva isso!
6º Salve como...
7º Ainda não está salvo, então abra...
8º Agora feche!
9º Agora abra!
10º É muito simples!
11º É tão simples!
12º Como é simples!
13º É assim que se pronuncia!
É um horror essa tirania!
Mas o momento de êxtase da explicação é afirmar a simplicidade do programa, afinal, um professor apaixonado entende que o problema não é a complicação do programa ou a rapidez da explicação, mas ser apaixonado, mostrar a beleza que está por trás das turbulências enigmáticas. Uma releitura viva do filme: “Meu Mestre, Minha Vida”. Ele chegou para dar um salto na Educação, mas cuidado com o TrupiCÃO! Oportunidade única tê-lo conosco.
Se cobrados fossem os ingressos pelas entradas e saídas no MSN utilizado, o dito professor ainda mais enriqueceria, quanta grana está perdendo, mas o legal é saber que estamos sofrendo. Um ser cristão, que baseou-se nas sagradas escrituras e na beleza do sermão monte: “Os humilhados serão exaltados”, também noutra passagem, “[...] o choro pode durar uma noite, mas alegria vem no amanhecer”.
Como esquecer estas aulas maravilhosas! Agora voltemos a tarefinha de casa. Tão simples como a explicação do programa, o desafio seria apenas fichar dois textinhos, bem simples, bem teóricos, hieróglifos chatonísticos, maquiavélicos, fonéticos, todavia, estamos alargando nossos horizontes do conhecimento. Certamente se Orkut o dito cujo tivesse, em peso a sala o adicionaria e cheio de depoimentos sua página lotaria. Tão modernos são alguns que o confessionário foi virtual, nem trabalho tiveram de ficar online, as pauladas offline também surtem efeito.
Não queremos perdê-lo nunca, queremos privilegiados ser e outras maravilhosas disciplinas com ele pagar. Seus foras são como cajadadas de um pobre pastor disciplinador, afinal, quem ama corrige, mesmo que dura seja a vara. Como Davi, tocamos várias vezes à lira, para expulsar e de vez exorcizar os maus espíritos, mas o que fazer se dedicados são ao saber? Não se trata de empregados privados, já foram efetivados. Enquanto uns curtem a folia de um Matusalém, outros não ousam ir além, recolhem-se ao escritório, pois seu estado é probatório!
Ao mestre Siri, um Feliz dia do professor! Esse causo com emoção, conto em lágrimas de saudação, por tua incansável dedicação em resgatar as memórias ditatoriais, esquecidas nos Arquivos Históricos Nacionais. Como perto está do término da disciplina, fechemo-lo na latinha, e entreguemos a outra turminha. Pois egoístas não queremos ser, e mesmo sem merecer, tivemos o prazer do Siri na Lata conhecer.
Por Gregória Castro
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