terça-feira, 31 de maio de 2011

Novas aventuras do mestre Siri




Episódio de hoje: No divã do Siri


            Como alguns já sabem o mestre Siri foi educado sob pesados treinamentos armados, não consegue abandonar os duros exercícios militares, a disciplina, a pontualidade, só ainda não sei se o chicote pia, se em gemidos assobia, quando a coitada da arrumadeira, erra na hora da faxina a posição das botinas.

Um homem esbelto, anjo endireitado, comprometido com o serviço nacional, educador de qualidade. Até a lousinha foi espancada outro dia, mas era apenas para explicação. Quase comprei um tamborzinho ou pandeirinho para poupar as cipoadas na coitada. Ele deve ser fã de percussão! Relatou o TOC TOC oco da porta, provocou risos nas batidas na maciça parede, advertiu que propagação de som não há no vácuo, deixou claro sua vocação em saber manusear as apostilas alheias. Sim!!!! Nunca abri e fechei tanto a boca, gesticulando, aprendendo o triângulo vocálico. Inda bem que duros são os dentes, e rígidos, pois se chapa falsificada fosse a da vovozinha, a aula não aguentaria, mole mole ficaria. Aflito fico apenas em lembrar a canseira de dizer “PIPA, PÊPA, PÉPA, PAPA, PÓPO, PÔPA, PUPA” uma porrada de vezes. Um saco! Diria, droga três vezes, chatice três vezes, gota serena mil vezes. 

            Mas o legal não é ver o mestre Siri nas aulas, o super é conhecê-lo nos bastidores, na preparação das aulas. Lágrimas correm ao contemplar a mesinha de madeira, proibida de ser molestada, pobre lasca dura e virgem, apenas ele pode tocá-la, foi o primeiro a desvirginá-la. Jamais tentem profaná-la. Se mochila esqueceres em cima da mesma e no momento fores abordado, quem sabe a guilhotina o aguarde ou se bondoso for o coração do mestre, talvez tu e a bendita lançados sejam pela catapulta. Ainda nela encontramos um porta-lápis de vidrinho, três canetinhas, o estilete novo novo, a borrachinha, clips, marcador, tudo para empenhar-se na construção das tarefinhas. Toquinho e o “Mundo das crianças” basearam-se em sua doutrina, nos seus ensinamentos, na brandura de seu coração, da pureza da face do mestre sério e dedicado. Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo e com cinco ou seis retas eu faço o Siri no castelo. Ele é nossa Faber Castell, canetinha bege preciosa, é aquele tom pastel excitante.

Bem no meio de sua salinha, em cima da mesinha mora um bloquinho de folhinhas branquinhas, quadradinhas, bilhetinhos de um ser organizado. Olhos fitos na tela do computador, dias de cabelos penteados, outros desgrenhados. Mas, o importante é a educação. Um mestre dos magos comprido de Caverna do Dragão! Um CSI versão turista paraibinha, estudioso das cadeias fonéticas. O porta lápis é louco para navegar pelas outras parte da dura mesa, clama dia-a-dia outra posição, mas foi cravada sua âncora, fincado os pés nas terras do gélido compensado. No centro um retangular borrãozinho, informações desencontradas, email de alguém, cálculos malucos, letrinhas engraçadas, também ouço a voz triste deste clamar alforria. Só rabisquinhos, mas é uma beleza o lixeirinho. Sempre as camisas manga curta, sapatos e cintos marrons, leves detalhes listrados ou quadriculados. Face jovem de madura experiência. Ser imprevisível, ao mesmo tempo enigmático, mistérios muito bem disfarçados, segredos escondidos, mas sagaz na curiosidade.

            É a segunda casa do nobre Siri, sua latinha encantada, seu esconderijo, refúgio de todas as horas. Longas reuniões e debates com o grupinho de estudos, longas horas relembrando as saudades, as conquistas, são muitas as pesquisas. Na cadeira encosta-se por algumas horas, é a peça do mobiliário talvez mais querida, seu divã, sua guarida. Ali desenvolve suas atividades, sua “Terra de palmeiras onde canta o sabiá”, depois que sai é pra se torar, findou-se o descansar!  Um xerife da educação. Em hora imprópria, não ousem aborrecê-lo, pois certamente o Siri reage e quando achares que ele não age te elimina num só gatilho! Mas por trás da seriedade, no mais profundo do coração, existe um pobre pastor que uma musa busca para devoção! Alguém decida, amante querida, que almeje sua boca beijar e quem sabe um pouco de sua fúria amenizar!


Por Gregória Castro 

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