terça-feira, 31 de maio de 2011

Ninho Celestial




              Bem vinda meu ao meu corpo amor, nobre senhora é a hora da minha travessura, pois tua formosura vem trazer alegria ao raiar do belo dia. No café celestial sou teu mero serviçal, um banquete especial quero aprontar pra ti, oh como é bom vê-la sorrir...

            Teu sorriso angelical desperta o silêncio matinal, enquanto meu ser vagabundo quer povoar teu mundo...

            Também te tento meu bem, te atormento desde as claras horas e tu não te demoras... Arrumo a mesa, enfeito com cereja, lavo a louça, troco a roupa, trago as delícias, oferto as primícias, não esqueço as carícias...

            Aceita a fruta! Chupa a uva! Cai tua luva, rasgo a blusa, ponho o pão em tua mão, passo o queijo com tanto desejo, também neste ensejo ardente é teu beijo...

            Sou teu escravo, lambo teus favos em meio aos laços dos nossos abraços... Sou teu amante, estou festejante e o sol muito bilha em nossa Casa da Ilha...

            Boa tarde meu amor, trago-te o almoço, naquele alvoroço entre os lençóis, teus cabelos de caracóis me enredam para ti, não consigo dormir, só quero curtir, não mais despertar e teu cheiro aproveitar... Quero me cobrir em teu diadema, doce e serena, fazer-te um poema, delirar num cinema tão bem improvisado, o melhor é o inesperado! Unges-me com teu vinho, te trato com carinho por perfumar meu ninho...

            Olhas-me agradecida, quase que envaidecida por saber o quanto te desejo desde o primeiro beijo.

           Tua asa de Grande-Mulher desfaz meus compromissos, deles me faço omisso somente para contigo estar, ambicionar e amar...

            ...Rir, sentir e possuir...

            Mas, é escuro meu bem são tardes as horas, comemos amoras no silêncio do vento, enquanto ligeiro passa o tempo... Preparo o jantar, tu ficas a me olhar, me empenho para o melhor, pois somos uma carne só, organizo todo o lar pra poder te agradar, carinhar teu ventre, te fazer contente...

            Mas, o tempo passou Amor, não há como lutar agora, findou-se de vez a hora, verteu-se o momento em cinzas de lamento... o pó da maquiagem refaz tua miragem, e como está empoeirado o nosso seio sagrado! Resta apenas relembrar aquela que me fez adormecer e quase de gozo morrer...

            Ai que dor tão funda Amor que corrói todo meu viver, ora vem me proteger... Esse meu luto eterno que atravessou o inverno não pode ser socorrido... Sem ti sou indefeso passarinho, como refaço meu caminho? Oh, não podes vir, nem tampouco me ouvir? Não podes voltar? Tenho que me conformar...

            Chorarei a falta do carinho,
            Chorarei alto e sozinho,
            Chorarei triste e baixinho, embalado em nosso ninho...


Por  Umbelina Neves


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