... Eu estou de bem com um grande mal... Num insano viver de descompassos, desde o dia em que teus passos cruzaram efervescentes e a porta rapidamente aguçou minhas fantasias...
Tu não me ensinas nada Professor, és o senhor do meu desinteresse. Mesmo que hoje eu não quisesse tuas aulas, minha chama juvenil arrebata teu quadril, meus compassos em teus esquadros, seus embaraços entre meus laços. Sou a Imperatriz de tua agonizante matriz, corra da minha raiz, ande na contramão, componha-me uma canção, pegue a minha cartilha que está em tua mobilha, faça-me de equação, reze minha oração, esqueça os velhos terços, se envolva em meus adereços! Seja meu elo transversal, ângulo lateral, vértice histérico de meu mundo cibernético, número dionisíaco de aroma afrodisíaco, o laibirinto atuante de meu passeio agonizante... Cuidado, não se enrosque, há um lobo mal no bosque...
Sou teu Elmo incandescente, das delícias sou o presente. Gire na providência, rompa a circunferência, brinquemos de potência nos vales da indecência...
Teu olhar matemático transpira enigmático, seus sentimentos sobre meus conhecimentos. Contigo estou sempre reprovada, nunca evoluo, recuo, regresso, não presto...
Catetos,
conceitos,
constantes,
amantes,
hipotenusas,
blusas,
pertences,
docentes,
ardentes...
Temperatura arterial, gozo fenomenal, ato transcendente, tua discente, conjunto binário, corpos unitário...
Exploras todo o quadro enquanto ignoras minha geometria, sondo tua obscura extasia, tua tensão precoce, teu nervosismo, minha triangulação causa-te excitação. Explica agonizado, agonizante, meu amante, teu ângulo paralelo luta comigo em duelo.
Suas constantes correm radiantes pelo solo escolar, queres ensinar, ser o exemplar, replicar, falar, mas eu tão distante desaponto tuas teorias, vãs filosofias, meus instintos te porfia, fujo, penso porcarias, enquanto tão dedicado estais, suspiro de tantos ais...
Preenches a lousa e eu fito as roupas, os dentes contentes, o pescoço tenso e rosado pelo calor, teu corpo pede frescor por tanto empenho e agitação, pura afobação!
No birô ligas o monitor, arrasta a cadeira, inquieta a prateleira, sou a confusão de tua distração...
Menino Mestre, Infante criança, tuas exigências não te levam a lugar nenhum, sempre te questionamos, surramos e amamos. Teu currículo acadêmico late enquanto ardes, encobre teu costume boêmio, não venha com bestiais equações, pois quero notas e canções, o badalo da lira para aplacar tua ira, anarquias em teu terno militar plantam flores em teu pomar, espinhos pra te torturar, ataduras pra cicatrizar.
Ninguém quer entender, as horas querem correr, desesperadas querem findar este teu eterno falar, esse martírio de profunda sapiência é uma indecência ao meu malandro ouvido, quero apenas ver-te despido...
Falei meu bem, direi o mal, praguejarei, mas te ouvirei apenas por te desejar, pela possibilidade do prazer de tua docente ser. Eu sim te ensinarei, ministrarei o B – A – BÁ, a conjugar o verbo amar, aplicarei minha ementa, enquanto meu corpo te tenta, usarei letra bastão, te rogo um travessão! Escreverei bem ativa em tuas curvas cursivas...
Tua matriz será minha atriz, tua equação em poder de minhas mãos. Pobre da trigonometria, farei dela nossa euforia... Uma volta completa quero dar em tua circunferência, mil beijos de indecência, ser o compasso dos nossos amassos, a potência e o somar das noites do teu delirar...
..Não irás descansar!
Por Flor dos Anjos
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